domingo, 7 de novembro de 2010

Tamara, Samara ou Iara

Não.
Não era seu beijo,
logo não tinha o bracejo
de nenhum pouco de meu desejo.

Sim.
Lembro-em ter admitido
a necessidade de deixá-la ir
sem a impedir, sem ressentir
ou insistir.

Mas aquele lábio não era tão vívido.
Não era da minha megera.
Era de Tamara, Samara...
Ou era Iara?
Mas não era daquela que
enquanto o beijo não para
o desejo dispara,
a mente enlouquece,
enquanto o sangue aquece,
a ponta do dedo que estremece
e a vontade mostra a cara
mostra o acentuado desejo
pela carne da qual carece.

Não. não quero outra qualquer.
Sim. A deixei. Precisei deixá-la partir.
Talvez por esse amor não existir
ou para manter naquele rosto, o sorrir.
Ainda que com a plena certeza
de que aquela carne é a unica que meu corpo quer
e requer.
Ainda que sem desejar outra que vier,
Manterei-me na saudosa e aguada vontade
de abraçar meu corpo
no corpo daquela mulher.

Por Psy O.L

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Carta

Que mantenha-se explícito nessas palavras quaisquer, que eu, no auge dessas tolices apaixonadas
ainda insisto em nomear-lhe minha, sem que seja minha mulher.
Veja você que burrice! Estou ainda estagnada num auge que a muito, já passou.
E nessa plena teimosia iludida, vivo ainda soprando faíscas em cinzas
na esperança de manter aceso o que a muito se apagou.
Quer saber se odeio ou se amo esse contexto?
Não sei bem. Não quero saber. desconheço. Tudo o que sei é que a amo
a desejo sem razão e sem pretexto.
Ah! O que posso eu fazer? Sou uma eterna romântica abobalhada, ainda vidrada e encantada por aquele ser.
Ainda provando a pele da morena através de vestígios de sabor que ainda repousam em meus lábios daqueles tempos em que eram válidos apenas os dias ao seu lado.
Saber bem o que se passa em mim, não sei.
O que sei, é que fui, sou e serei apaixonada, alucinada pelo vício desse amor que por tanto carreguei.
E ainda dentro de mim, para o futuro, a levarei.
Portanto, se a odeio, a amo ou a suporto, nunca saberei.
Apenas sei que odeio o amor. Mas que amo a trigueira confusa que sempre amarei.

Por Psy O.L

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quase um segundo

Eu queria ver no escuro do mundo
Onde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa...?

Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Tudo que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei,
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa...?

Compositor: Herbert Vianna
Interpretado por Cazuza no album Burguesia - 1989

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Oi

Tenho esticado a ponta de cada dedo na tentativa de ao menos raspá-los ternamente sobre os ares da inspiração na esperança de a trazer de volta.
Enquanto falhas tentativas me abordam nesse mar de palavras repetidas, vazias e sem rumos, declaro greve.
Ate encontrar palavras.
Ate reencontrar algum sentimento, sórdido ou não.
Ate achar uma outra musa inspiradora
que irá novamente, estripar meu coração.

Enquanto não a encontro,
parei de escrever.

Por Psy O.L

domingo, 29 de agosto de 2010

Covarde

Ah! Nada como refletir em um barco à deriva no oceano. As ondas se chocando levemente contra o barco, o balançar do barco, o vento, os albatrozes...
Nada como perceber que a culpa de tudo é sua. E que na verdade, esta sentindo raiva da pessoa errada. Deveria sentir raiva de si. Raiva da sua própria covardia, da estagnação em relação a uma partida. Raiva de não ter nem ao menos tentado fechar a mão pra evitar que seu lindo passarinho de belas cores, batesse as asas para longe.
Não há nada igual. Perceber que é uma pessoa fraca. Sem força de vontade. A mercê da correnteza lenta, quase parada, da vida. Não há nada igual.
Pena que eu tenha feito tudo na coragem brilhante de expor ate mesmo a cara a tapas.
E corri, quase voei correndo atrás de quem já tinha ido a muito tempo. De quem é fraco, sem força de vontade, sem coragem. Um ser completamente covarde que vive deixando a correnteza carregar um corpo quase morto.
Pena que fechei a mão com toda força pra não deixar aquele belo pássaro voar, mas ainda assim ele me escapou.
Pena que não sou um covarde. Com um outro alguém ou sem ninguém, mas covarde que não sofre.
Não teria nada igual ser um covarde que desama, foge e não chora.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Assinado, Aiko.

Rio de Janeiro, 20/10/2007.

Minha amada Kanã,

No mar fui me encontrar com a beleza de seus olhos, que nele refletem. Quem sabe mãe d'água não me devolve o sabor de seus lábios hora azedo, hora melado?
Quis sim, me entregar ao mar, donde sereia que és tu, nunca deveras ter saído. Mas saiu. E me encantou com seu canto silencioso. Agora me esvaio no mar em busca de sentir o cheiro das águas, matar minha sede em sua salina, me encontrar com sua soberania, poder afagar-me em sua eterna e dadivosa perfeição. Encantadora medusa que me envolveu em seus longos braços desnorteantes, ainda sinto seu calor atordoador, queimando, aquecendo os poros de minha pele. Fui buscar-te, medusa, no fundo daquela tela cristalina azulada, esverdeada e só hei de voltar quando reencontrar seu encanto divino.
Quanto a tua realeza carnal em terra? Não há motivos a se roer de saudade, tão pouco para se abater em culpa. Não chores linda menina-mulher que sem querer, sem saber foi colombina de meu amor pierrô. Foi colombina desse maldito pierrô em silêncio que fui. Não chores por culpa, menina inocente. Saiba minha linda Deusa em preto e branco, que este ser miserável em carne há de sorrir em alma agora. Saiba que se esta loucura de querer fazer do manto azul, o leito derradeiro de minha presença carnal, vier lhe atormentar, jogue flores ao mar. Recolherei-as maravilhada com cada pétala. Jogue cartas ao mar. Se eu não as ler mãe d'água há de cantarolá-las para mim.
Vou-me assim, meu retrato de Cleópatra, vou libertar minha alma para caminhar do inferno ao paraíso para enfim crer em Dante Alighieri, para enfim dormir sob o imenso manto de água que cobre os oceanos e por fim descansar de toda esse pouca e jovem vida sofrida. Dormirei e me aconchegarei eternamente em sua memória e me entorpecerei de sua beldade em meu sonho eterno, onde te tenho minha flor de lis, meu botão de rosa.
Estas meras palavras, direcionei a te acalmar e te fazer sorrir. Pequeno decreto que expressa o quanto exalo felicidade ao poder me equilibrar entre os cosmos no infinito azulado que cobre a todos nós. Vou brilhar entre as estrelas enquanto pulo pequenos barrancos nesses pequenos corpos celestiais antigos e brilhosos, e vou viajar à cometa, conhecer outros planetas. Lá eu hei de ser feliz.
E se escorre alguma lágrima em sua face, seque-as, pequena. Não te entristeças por mim. Não estou triste, Não vê? Estou radiante em felicidade. Então sorria comigo amazona guerreira quase minha. Divida comigo esse último sorriso. E quando enfim tiver lido esta, não me julgue suicida. Por favor não me compare a tão baixo calão. Suicidas não querem existir. Não gozam de nada e apenas se matam. Se livram de viver. Não me suicidei. Amei a vida, gozei dela a cada suspiro que me causou, meu doce anjo alado. Mas fui luxuriosa e quis conferir em alma o que em carne não se pode ver, sentir ou ter.
Assim finalizo a minha declaração em desculpas, desabafo e explicações. Pouco sei se esta estará em suas mãos ao amanhecer, monalisa de minha parede eterna, mas espero que receba esta, de algum mensageiro caridoso.
Aos companheiros de uma vida, minha breve saudade, carinhos e adeus. Aos meus laços sanguíneos, me perdoem.
Mas digo e grito para quem quiser ouvir, atei meus olhos em mar por amor, ternura, prazer, por feroz paixão que me consumiu em razão desse meu último suspiro que foi a última dose de Kanã. Entre essas doses, me embebedei, me entorpeci entre o sabor confuso daqueles beijos. Consumi cada gotícula de prazer que ousou tocar meus lábios.
Assino aqui, com meu coração devotamente apaixonado pela vida que só descobri e entendi quase e unicamente depois de encontrar Kanã. Te amei, Kanã. Lhe desejei, lhe tive, lhe perdi. Mas te amei, como continuo e sempre te amarei. De tanto amor, minha bela, morri de amor.
Sentirei eternas saudades dessa sua pele, que já ardem em mim.

Assinado, Aiko.

- Trecho do livro 'Entre doses de kanã'

Por Psy O.L

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Era o que eu queria

Olhe como estão vagas essas minhas palavras e falas montadas. Veja bem como falta em cada frase um conteúdo plausível a ponto de prender a atenção de um qualquer se quer. E é o que eu quero. Pois não quero que leiam minhas tristezas, minhas angustias, dores e saudades. Meus prantos em meio a rimas ordenadas em deixas forçadas. Não as lerão mais. Não as tenho mais.
Era o que eu queria.
Agora falta-me estro para cada texto. Inspiração para cada canção. Falta-me sentir o 'faltar'do seu 'eu' em mim. Há agora somente a ausência da ânsia incontrolável que cada dedo tinha vontade de dizer. Não dactilografam mais. Não digitam. Não escrevem. Só repousam e dormem no feliz vazio salutar que é não ter a trigueira imagem de semi-deusa rondando no meu pensar. Era meu penar! E penei... quando aqueles olhos de melado eu revia de olhos fechados sorrindo pra mim. E berrei esmurrando a parede de saudade que senti a cada vez que os olhos fechei e relembrei o beijo, o toque, o amor que não ganhei, mas vivenciei. E perdi. Como todo prazer que ainda rondava em minha mente atordoando, massacrando o peito que chorava de saudade. Ele não chora mais.
Era o que eu queria.
Não ter mais a lembrança. Não pensar mais no que fazer pra não lembrar, pois já não lembro do amor que não vi passar. Passou. E só. Deixou-me, deixou-lhe e se perdeu no espaço de tempo do passado, que por Deus! Quero nunca mais tocar. Quero nunca mais abrir a caixa de pandora que por descuido abri. Sem notar. Machucou. Doeu a cada tapa que a realidade me deu. Esses, que estalados, deixaram marcas que nenhuma cirurgia plástica vai tirar. Cicatrizes profundas que olho nenhum consegue ver. Mas que se olharem nas palavras que meu dedos gritaram, vão entender. Imaginar um pouco do que senti enquanto a estupidez de meu 'eu' insistia em a querer. Acabou. Frases, textos e poemas. Morreu o estro que existia por culpa de um falso 'eu' seu.
Era o que eu queria. Apesar de ser o que eu mais temia.
Não mais escrevo as lágrimas que escorria.
Era o que eu mais queria.
Não mais lembrar, não relembrar, mesmo que ainda a amar.

Por Psy O.L

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Meu amor,

Ah, meu amor, quero saber quando você vai voltar.
Esses dias longos sem você aqui tem sido um inferno.
Sabe, a saudade é tanta, que aquelas novelas melodramáticas
exageradamente românticas estão começando a me fazer sentido.
Que ridículo!
Mas é.
Aqueles livros de romance infanto-juvenil, tem conseguido
me emocionar.
E aquelas músicas sobre saudade tem me feito chorar.
Então me conta amor, pra que dia marcou seu voo de volta?
Diga o horário, o portão de desembarque, qual o aeroporto...
Pois estarei lá na porta.
Para matar a saudade que de hora em hora me enforca.
Um grande abraço, pois o beijo,
quero entregar pessoalmente em seus lábios.
Até lá, imagine que esse 'eu te amo' tornou-se o tom do som da minha voz
sussurrado em seu ouvido.


Ass: Seu amor.


Por Psy O.L
Ps: O poste dá luz por cima e a mulher por baixo. E a inspiração? Enfia no c*, né?!

sábado, 24 de julho de 2010

Hoje não

Por hoje, estou dando um tempo de você.
Mas prometo que amanhã eu volto.
Como sempre.

Ps: Deligue o celular.

Por Psy O.L

domingo, 18 de julho de 2010

(in) Feliz

De fato, nossas crenças mudam com o tempo. Isso é, quando temos alguma. Exemplo: quando criança, eu acreditava em conto de fadas, mas nunca acreditei em papai noel. Vai ver que é porque essa história de um velho com saco de presente nas costas rodando o mundo em uma noite não me parecia algo interessante. Mas contos de fadas sim. Todo aquele amor, todas aquelas lindas batalhas com um final feliz.
Mas cresci. E desacreditei em príncipe e cavalos brancos. No final eu ainda acredito, mas não acreditava no feliz. Descobri a existência dele por culpa de um amor que me possuiu a quatro anos atrás. Veio e se foi tão rapidamente que não consegui nem ao menos fechar a mão pra não a deixar voar. Foi daí pra frente que descobri a felicidade porque eu a sentia, mas não sabia. E agora que o abanar das longas asas daquele anjo farsante soprou pra longe de mim a felicidade, eu passei acreditar em 'ser feliz'.
E agora vivo dentro de minha antiga teoria que diz 'Ninguém é feliz. Felicidade não existe, já que é tão breve. Já que lutamos todos os dias para sermos menos miseravelmente infelizes, só existe a infelicidade.'. Nela já nem acredito mais.
Afinal, para existir um prefixo 'in' é necessário existir o fixo.
Vivo dentro dessa teoria, lutando sempre pra ser um ser menos 'inho'. Ainda que não acreditando mais. E desiludida feito criança que descobre que as patinhas de coelhos no quintal, são feitas com batata e tinta.
De fato, ainda a amo. Como sempre fiz e farei.
Mas cansei, e quero um basta de mim.
Final, eu já tive.
Assassinato a mim.
Esse é o meu final que não acaba.
Final(in)feliz...

Por Psy O.L

Ligação

As vezes é como se não estivesse na minha mente
Mas as vezes é como se não saísse dela,
nem por um instante se quer.
Entendi isso quando vi aquele número tocando.
Sabe, era quase de manhã, e ela fez meu dia
escurecer de novo.
9*** tocando e eu olhando pro céu observando
os pedaços dele cair sobre minha cabeça.
***1 e o desespero me tomou por completa.
Então, como de costume, chorei quando já em baixo
do teto que me é abrigo
E todos pensaram: Lá vem a bêbada
com seus delírios sentimentais!
Mas não era a bêbada.
Não a que tinha bebido,
farreado, dançado e curtido toda à noite.
Era em prantos, a parte sóbria, sentimental
gritando, se esticando e rasgando
meu eu, para sair de mim.
Era a parte que doía,
que queria atender, mas não atendeu.
Era a parte que quis dizer 'Oi',
mas adormeceu.


Por Psy O.L

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não me canso

É... Eu estou vendo a mobilidade zero do meu corpo.
Estou vendo a estabilidade do meu eu, no instável espaço do tempo.
Assim como vejo as imagens embaçarem, ainda que com as fundas lentes do óculos, que inutilmente se apoia em meu rosto. Óculos. Mais um instrumento inepto a fazer esse embace parar. Nem se coçar ou esfregar, meus olhos melhoram. As lágrimas renascem sempre depois de eu as secar. Insistentes, correm pelo meu rosto enquanto observo aquele corpo se afastar. Aquela silhueta do corpo que eu via a imagem, depois o esboço no horizonte. Agora só enxergo uma breve penumbra se mover ao longe e logo não verei mais nada. Ninguém.
E ainda assim estarei parada num espaço de tempo inabitável. Passado. Relembrando tudo que fez sorrir, ainda que por pouco, meu eterno triste olhar. Viverei eternamente de lembranças e falsas esperanças, eu sei. Mas o que farei? Apenas consigo relembrar e esperar nos pensamentos que deveriam devagar no planeamento de um futuro, mas que vaga entre o sórdido passado triste, porem extasiantemente feliz, que tive ao lado daquela famosa atriz.
E não me livro. Nem me protejo desse martire. Na verdade, ate me entretenho quando tenho um tempo vago. E escrevo. Uma prosa, uma cronica, um poema, um livro. E me entristeço. Choro, coro o rosto molhado e me apavoro. Enfim, me canso. Silencio-me e durmo ao zumbir do ventilador. Descanso. E no outro dia me vejo em um passado mais distante. Porque ainda a amo. E disso realmente, não me canso.


Por Psy O.L

quarta-feira, 7 de julho de 2010

20 anos sem Agenor de Miranda Araújo Neto



"(...) O poeta não morreu, foi ao inferno e voltou
Conheceu os jardins do Éden e nos contou
Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo com seus moinhos de vento
Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo com seus moinhos de vento.
"

- Frejat/Barão vermelho - O poeta ainda esta vivo

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Medo

Segredo mesmo não tenho. Mas tenho medo e só medo.
Medo, sim. Puro receio. É medo do dia, da noite, da falta que faz o que nem sei direito.
Medo do ontem do hoje, do mundo. Medo de respirar e não aspirar oxigênio, de viver vagamente numa existência nula. Até mesmo tenho medo de temer.
Esse medo tem estragado meu eu. Estragado em mim o que deveria ser seu. Mas entenda, sem medo eu daria-me facilmente a cada sutil conduzir de qualquer brisa, esvairia-me de graça como águas descendo em riachos. Seria sem querer, eu diria, mas sem medo daria-me na verdade por puro querer.
Entretanto, por esse medo eu morria de medo de amar ainda que amando loucamente como eu amo cada partícula de cada amor que amo demais.
Receio mais que anseio me entregar a seja lá quem ou o que for.
Estremeço ao minha mente cair num arrogante mergulho nas lembranças que álcool nenhum conseguiu apagar.
Medo, meu. Medo de mim.
Medo de você, dos coadjuvantes da historia da minha vida que caminha em direcção ao fim.
Medo da dor física, temporária, psicológica ou natural.
Medo por medo que travou meus passos no espaço do medo.

Eu não tinha o que escrever pois dei férias a minha inspiração e ao pouco talento.
beijos.


Por Psy O.L

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Soneto do teu corpo

Juro beijar teu corpo sem descanso
Como quem sai sem rumo prá viagem.
Vou te cruzar sem mapa nem bagagem,
Quero inventar a estrada enquanto avanço.

Beijo teus pés, me perco entre teus dedos.
Luzes ao norte, pernas são estradas
Onde meus lábios correm a madrugada
Pra de manhã chegar aos teus segredos.

Como em teus bosques. Bebo nos teus rios.
Entre teus montes, vales escondidos,
Faço fogueiras, choro, canto e danço.

Línguas de lua varrem tua nuca,
Línguas de sol percorrem tuas ruas.
Juro beijar teu corpo sem descanso

- Leoni

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Linda e burra

"A culpa não é minha. Você é quem me corta.
Não sabe o que perde e nem se importa
Se enfeita toda toda pra mim
Mas nunca, nunca tá afim

Eu digo hey! Você é linda, Baby.
Mas é tão burra.

Hey! Você é linda, Baby.
Mas é tão burra

É linda e burra
Bonita, gostosa e burra
Cheirosa, burra."

- Linda e burra - Barão vermelho.

Deve existir uma razão pra tanta beleza não vir acompanhada de nenhuma inteligência plausível.
ai ai...

Beijos ;D

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sabes, os rastros que você marcou
no caminho indeciso de minha vida
Realmente marcou. Ficou.
Feito de tiro, ferida.
E por enquanto esta a amostra
sanguinária de tudo isso
por enquanto esta sangrando o amor
recente que não deu em nada.
E que se dane a rima e tudo mais
Nem falar complicado ou algo assim.
Vou falar no claro
vou falar que esta doendo
que a saudade ta matando
e o ciúme me dilacerando,
que os sonhos que sonho acordada
é com o rosto dela
e que todas essas palavras em tinta azul
são pra ela.
A desgraçada que odeio
que amo e odeio sem mais dicutir
Eu a amo, mas a odeio sem nem ressentir.

Algolagnia sentimental

É como meu corpo e alma gostam de viver.
Revezam-se entre, das lembranças sórdidas a excitação
e da certeza de não mais lhe ter, a depressão.
Sem descanso, pausa ou meio termo.
Vivo somente dessa ciclotimia
entre do sofrer a agonia e pelo meu amor, a zelotipia.
É desses vagos veraneios apaixonados
que tiro como alimento
a moléstia impiedosa insistente em te amar.
É pela cicatriz mal-curada desse amor de viciado
que lanço-me na sensação sádica, infecciosa
de não querer deixar esse doente amor passar.
Uso também, a saudade de você como açoite
pra alimentar a minha algolagnia sentimental
que chega sorrateiramente a noite
e vem se esgueirando numa gota conatural
que corre da tangente dos meus olhos, que a ela dava coite
quando essa pequena se eriçava fugindo de algum mal.
Então entrego-me ao martirizar pessoal de meus atos
e a denegrição de minha imagem fosca e desbotada.
Liberto meu deleite no colchão, entre gritos abafados
enquanto meu corpo lateja no estranho prazer
desesperado, atordoado.
Por fim, alguns fracos soluços quase sem som
precedidos de um ofegar de cansaço
Dão a minha mente o prazer em tom que diz ser bom
amar um alguém que não pertence ao meu abraço.


Por Psy O.L

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Olha lá

- Olha a pequena que sai dos olhos, por efeito físico ou por causa moral, brotando naquele olhar...

Tempo.
- ... Olha a pequena saindo dos olhos brilhosos daquela singela...

Mais um pouco de tempo.
- ... Agora, olha. Esta escorrendo pela pele da morena...

E mais um pouco de tempo.
- ... e caiu no sorriso entre aqueles lábios risonhos, pra molhar de felicidade os dentes daquela trigueira ausente.


WTF, né?!

Por Psy O.L

Dia 17

Abri a agenda e olhei o dia 17 grifado,
rabiscado 'festa'.
Porém a ausente felicidade de hoje,
essa afirmação, contesta.
Hoje não tem festa. Não tem bolo, nem nada
hoje é o dia do mês que imploro
que hora passe apressada.
Hoje era pra ter beijo, abraço
Mas tem o silencioso esvaziar de
mais um maço.
É sempre assim. Dia 15 esperando
o telefone tocar.
Ele não toca. Dia 16 chega
e nada da espera cessar
Enfim dia 17 bate na porta
e eu desejo-me morta
antes mesmo de ele acordar.
No espaço de dez meses
Dia 17 foi de festa à saudade
Foi se desfazendo o amor
e virando insanidade.
Foi virando um poço artesanal de dor
que vem destruindo a minha mísera felicidade.
Dia 17, ou como o chama, nunca mais.
Porque as chances de nosso nós,
sei que aqui jaz.


Por Psy O.L

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não consta no cardápio

Sentou-se na mesa e logo o garçon lhe atendeu já entregando-lhe o cardápio em uma capa de couro cheio de manchas de gordura.
Olhou com seus olhos foscos e chorosos, tristes e cansados o couro preto e abriu.
Leu do começo ao fim, do fim ao começo. O garçon voltou a sua mesa.

- Já decidiu qual prato deseja?
- Não.

O garçon se retirou.
Releu e releu. Então fechou o cardápio e levantou o dedo. Rapidamente o garçon chegou ao seu lado.

- Pois não?
- Decidi o que quero... Quero na entrada, um prato de amor. Prato principal, problemas acompanhado de sofrimento. A Bebida para acompanhar, um copo de veneno e para sobremesa um tiro no peito.


Por Psy O.L

sábado, 12 de junho de 2010

Feliz dia dos namorados


É hoje, meu amor, que o mundo comemora
o que nós comemoramos todos os dias.
É hoje que eles comemoram o amor entre dois corpos 'almados'
dois corpos reciprocamente amados.
Não nós. Nós comemoramos a nossa sincronia
a cada segundo de cada batalhado dia.
Então acho que deveria eu, dizer em todo encontro nosso,
Feliz, muito feliz nosso dia que vivemos.
Deveria não. Devo. À partir de hoje direi a toda hora
que te amo e te desejarei cada vez mais,
enquanto minha boca te devora.
Abraçarei em meus dedos seu pescoço suado de frio,
e trarei-o até meus lábios lacívos.
Amarei cada gota de você. E brigarei, lutarei
com aquele que tentar tirar-te do meu ver e viver.
Na madrugada, já beirando o amanhecer
deitarei na cama zonza,completamente entorpecida
mesmo tendo me afastado temporariamente de você.
Apresentarei-te a todos que não lhe conhecem.
Sei que caberá a eles gostar ou não.
Mas se não gostarem, melhor. Terei mais de você em mãos.
Deitarás em minha cama sempre!
Junto a mim. Estará sempre dentro de mim.
No coração, na cabeça, nas voltas do estômago nervoso,
No tremer que meu corpo treme, quando fica por ti ansioso.
Em qualquer canto do mundo que seja,
no bar sozinha ou acompanhada, na mesa, na bandeja, na escada
Direi sempre que te amo, minha cerveja loira safada!

Eu realmente amo e vou casar com essa bebida!
E tenho razões. Veja bem.
Ela não fala, não briga, não faz cena.
Só me serve quando eu quero, quando não quero
se ausenta.
Ela não chora, não se confunde, não me magoa.
Só me alegra, me deixa feliz
do tipo boba rindo à toa.
Diga-me, porque não fazer dela minha patroa?


Com muito humor e carinho, Feliz dia dos namorados!

Por Psy O.L

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fantasia vs. realidade

Não cabe bem na realidade o que penso em relação a nós. É improvável, bem do tipo quase impossível, os pensamentos e imagens que tenho aqui dentro serem reais. Imagine você, como seria real um dia sem nossa guerra? Um dia sem você gritando e afinando a voz. Um dia sem eu me estressar com você. Utopia pura, eu sei. Um universo paralelo que seria mais ou menos assim...

Nós em um dia de sol frio, fresco num fim de tarde de inverno. Sua mão entrelaçada, cruzada e suando a minha e nossos passos sem pressa em um caminhar sem rumo. Nosso caminhar despreocupado e lento diria " Pressa, pra que? Tenho aqui do meu lado o que tanto corri pra alcançar." Nesse caminhar apaixonado, abobalhado seríamos levadas até um lugar em que o pôr-do-sol seria um trailler que nos convida a ver o que há no paraíso.
Eu sentaria nas pedras próximo a quebrada das ondas para respirar a maresia. Você, fresca do seu jeito chato, se esconderia colando e encolhendo todo seu corpo ao lado do meu. Eu passaria meu braço sobre seu ombro e depois de um tempo, você esqueceria suas frescuras, sairia do seu esconderijo. Escorregaria para minha frente, deitaria em meu corpo envolvendo seu corpo em meu abraço e deixaria seu ouvido próximo aos meus lábios. Eu suspiraria em um breve sorriso escondido no canto do rosto enquanto observaria a tela de cores se corando, mudando do amarelo para o rosa, do rosa para o laranja e do laranja para sabe-se lá pra qual cor. Então colaria minha boca em se ouvido, daria um leve aperto no seu corpo puxando-o contra o meu, e me entregaria soltando palavras. " Engraçado como essa tela colorida nunca me pareceu tão bela!... Acho que sem você, minha vida se resume em uma só linha rabiscada em preto e branco!"
Você, sem palavras, sorriria. Olharia meu olhar apaixonado e me beijaria. Ainda sem palavra, recuaria o rosto e diria:" Não sou poeta nem sei falar coisas bonitas. O máximo que consigo é dizer que você é tudo pra mim. E que se só temos uma certeza na vida que é a morte, então eu digo que tenho duas. Uma é a morte. A outra é que eu amo você!". Eu sorriria desorientada de tanta felicidade e responderia que também te amo. Nos calaríamos saboreando a química do nosso beijo e ficaríamos ali até o anoitecer. Então recolheríamos nossos corpos extasiados, dopados por tanto amor e ternura, em direção ao nosso lar.

... Na minha ideia seria assim que todos os meus dias iriam acabar.
Imaginar uma fantasia não faz mal a ninguém.
Mas a realidade, sim.


Por Psy O.L

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"O meu amor agora está perigoso. Mas não faz mal, eu morro mas eu morro amando".
- Agenor de Miranda Araújo Neto.


Disse tudo por mim, Cazuza.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ser humano

Ser mutável em carácter, em aparência,
em convivência.
O ser humano vive em cárcere, se aprisiona
entre definições que se faz
Necessita esconder as imperfeições
em desculpas que já nem colam mais.
O ser humano se ilude.
Gosta de viver da doce ilusão de acreditar
que de fato, não vivemos em vão.
O humano ilude qualquer um.
Gosta de controlar as pessoas ao seu redor.
Gosta de humilhar um pobre apaixonado.
Gosta de fazer com que ele se sinta
cada vez pior.
Mas esses humanóides sem pena, amam.
Como qualquer um, se enganam.
Se apaixonam por um humano
sem carácter digno de paixão,
e na ilusão, choram.
Choram na angustiante dor da solidão.
Afinal, são humanos como qualquer um
Presos as regras da humanidade,
Banal como um humano comum.
O ser humano só ama e sofre sem glória.
Finge ser feliz, mas quando deita, chora.
O ser humano é assim.
Ilude, se ilude e vai se esgueirando
em beiras sem eiras, vai se apoiando,
tropeçando, chorando, vai se virando.
Porque no final, ganhando ou roubando,
matando ou cuidando,
vai ser vivendo e amando
que vai morrer por ser humano.

Por Psy O.L

Malditos humanóides!
Por isso, sou uma Annoying Orange...
- HEY, HEY APPLE!

Entenda porque...

domingo, 30 de maio de 2010

Eu e você

Lembrando-me, dei-me conta do tempo.
Lembrei que existe esse espaço
contando nossos passos e momentos.
Começou a tantos anos atrás,
tantas brigas, intrigas
Tantos inícios e finais.
A cada início, a eterna euforia
que se acabava em um término
com banho de águas frias.
E de mágoas eu me enchia.
A cada término saudades.
Nas saudades, sobrava em minha casa
a metade do dobro da minha sanidade.
Era eu, a figura da sobriedade.
Era uma loucura essa minha semana sem você.
Era insano querer e não poder lhe ter.
Então vinha fim de semana.
Aí sim. Finalmente voltava a beijar
a saliva da boca que nunca cansei de beber.
Tantos altos e baixos.
Tantas noites dormindo feito despacho
num canto qualquer
destruída por seus estragos.
Porém, tantas noites maravilhosas
no êxtase do ápice de uma alegria
fervorosa.
E assim passaram quatro anos, meu amor.
Quatro anos de 'Eu e você'
De beijos gelados, molhados e suor.
De paixão ao primeiro contato,
quatro anos que me entreguei sem dó.
É. Não há segundo no mundo que eu não a deseje,
ou seja,
vamos deixar que seja sempre
você entregue a mim de bandeja
Ah, meu amor... Em qualquer noite, qualquer bar
Que seja sempre eu e minha loira, a cerveja.



Por Psy O.L

Ps: Minha maior obra. HAHAHAHHA

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Dei um tempo.

Sabe, dei um tempo.
Quero dizer... uma brecha de horas contadas
semanas anotadas, quinzenas passadas.
Dei uma pausa, sabe?
Cansei de sentimentalismo
enjoei de carinho, beijinho, amorzinho.
De chorar no cantinho e ser um ser tão 'inho'.
Cansei de escrever sobre ser só
sobre paixão, coração e solidão.
Cansei de dizer que amo em vão.
Então dei um tempo, uma pausa, uma brecha.
Um curto período de tempo
até sentir falta do brega.
Até querer amar de novo
Ate sentir vontade de sentir
de amar um outro alguém e me ferir.
Aí, sim, volto a escrever.
Volto a dizer que amo meu bem-querer
Depois digo que o odeio e quero esquecer.
Até novamente me cansar de amar
e pausar mais uma vez de escrever,
o que o pensamento deseja dizer.


Por Psy O.L

sábado, 15 de maio de 2010

Eu-bar

Enche mais um copo
talvez dois ou até três
e se depois o maldito telefone não tocar,
ela me esqueceu;
traga-me mais seis.
Se tocar e eu só sorrir,
traga seu whisky mais forte
aquele que na primeira tragada vai me desiludir.
Se eu o arremessar na parede
Desce aquele foguinho paulista
pra diluir o ódio
da maldita telefonista.
Se eu não atender, desce água
da bica do bar
fecha a conta e me traz o troco
pra comprar um cigarro que não gosto de fumar.
Se eu só chorar, desce pinga com mel, conhaque e gim
Para tira-gosto aquele clássico mirabel
feche a conta e chame um táxi pra mim.
Mas se eu atender, rir e depois chorar
aí, prepara outra comanda
Pois com certeza ela me deixou
e vou beber até me acabar.


Por Psy O.L

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Narcisismo

Fora em uma noite de inverno, que a vi.
Quase inevitável reparar na sua presença.
Improvável sua beleza, não ser notada.
Então a olhei.
E seus olhos estapiavam os meus,
e tão cintilante era aquele olhar
que por tanto tempo não pisquei
E quase que por apenas uma lágrima, chorei.
Tão linda era, que me apaixonei.
E seus olhos mergulhados em mim
Meus olhos olhando seus lindos fios de cabelo
Curtos, lisos, castanhos e caídos.
A pele quase branca.
Pele de criança.
Rosto de inocência.
Sincronizadamente, fixadas
Nos olhávamos. Nenhuma palavra surgia.
Então o frio daquela noite
Sugeriu que ela fosse minha companhia
E eu, apaixonada e fixada
tomei um passo a frente, e ela dois.
Queria a mim, com eu a ela.
E a cada passo, o palpite do coração
De tão forte, machucava meu peito.
Quanto mais perto dela eu chegava,
Mais o ex barulhento banheiro, ficava quieto.
Então enfim cheguei próximo daqueles lábios
Daquele rosado, quase avermelhado
Que brilhava em saliva
depois que a língua macia, deixou-o molhado.
Fechei os olhos, lancei minha boca.
Mas não a beijei. Tinha entre nós um sólido
uma parede gelada de vidro.
Até que enfim abri os olhos desapontados
E o desejo por ela, em mim, desesperado
Então uma voz soou
e por trás, me alertou:
- Fidalga menina,
O que há de tão doce no espelho
Para que faça com que o beije?


Por Psy O.L

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Por ventura, apaixonei-me.

Estava eu parada. Estatelada observando a imagem que reluzia flashes de pura ternura e beleza. Eu já esquecera que fora até o velho portão enguiçado receber as entregas da festa. Não vi o entregador chegar com as tralhas, não vi o carro subir o pedregulho a minha frente. Mas vi a divina imagem de uma que matou quase toda minha percepção visual. Eu só conseguia vê-la parada sob o poste de luz fraca amarelada que iluminava e até espalhava claridade por aqueles longos fios lisos de cabelo castanhos claros caídos sobre o rosto da divindade que ainda sem nome, denominei amor.
A luz não parava de iluminar e meus olhos não desvidravam daquela esbelta pequena criança, que me parecia na verdade, a tal Afrodite. Era linda e tão bela que não coube tanta beleza em meus olhos. Ardeu. E lacrimejei.
Os formatos daquele corpo esculpido a nível tão alto que nem Aleijadinho chegaria perto de tal perfeição. As curvas daquela obra de arte cobertas por uma bermuda em jeans claro cheia de bolsos e correntinhas entrelaçando de um lado a outro daquela cintura detalhadamente desenhada. Da cintura ao peito, uma blusa preta com detalhes abstratos em lantejoulas cobria a carne dos seios que ritmavam a respiração afobada.
Em seus pulsos, algumas pulseiras e mais correntinhas. Em seu pescoço um fino cordão de prata com pingente em L. E o rosto. Pintado em um quadro sem réplicas, aquele singelo rosto de pele morena, fino, liso. Livre de qualquer defeito. Tinha na face as carnes daqueles lábios brilhosos que parecia hipnotizar minha atenção clamando pelos meu lábios junto a eles. Aquele pequeno sorriso esbramquiçado entre aquela boca, que por tanto desejo de tocá-la aguava a minha, era tão puro e ingênuo que parecia um mar onde queria eu, poder afogar-me lá.
Naquela face tinha também os olhos em tom de mel, pequeninos meladinhos que refletiam a imagem da minha ficção.
Era Afrodite. Era Deusa sem nome que ousei chamar de amor. Era a linda Beatriz do meu paraíso. Era musa Cleópatra de minha nação. Amazona rainha que mandara dali em diante, em meus campos, Dama da noite que embeleza e perfuma seu redor a luz do luar. Era ela o sol, e eu senti-me como pequeno heliotrópio que sempre voltava-me em sua direção.
O entregador estalou dedos. O carro buzinou... Eu não ouvi. A Deusa sem nome com codinome amor, me olhou e sorriu. Dominada em razão de um amor platônico, eu gelei. A morena gargalhou. Eu estremeci. A morena caminhou até mim. Eu suei frio. A linda definição de perfeição tomou em suas mãos o embrulho do entregador. Eu tentei falar e gaguejei. Ela entregou-me o pacote:

- Isso é seu, né?
- É...
- Chamo-me Linda, e você?
- Um ser que acabou de apaixonar-se sem perceber.


Por Psy O.L

quarta-feira, 28 de abril de 2010

E mais saudades...

Se antes a dor era minha inspiração,
hoje ela é tanta que já nem respiro mais.
Já não rimo palavras bonitas,
pois agora já nem encontro tais.
Estou sem palavras, sem escrita e sem você.
Vejo um papel em branco
e quero manter-lo em branco quando a tempos
eu iria escrever.
Sem fôlego, sem vida, sem cor.
E agora que você partiu de vez,
Só me resta estar saudosa de seu amor.
Amor meu. Babaca que insiste em tentar te esquecer.
Pensamento estúpido que se acha capaz de não reviver.
Mas revive toda noite, todo dia, toda tarde
esses pequenos rastros memoráveis
que é o abismo da saudade.
Sim! Nuca sua que sinto falta de beijar.
E a cada sonho com seu rosto
Eu despenco chorando ao acordar.
Então matem-me na vida para que eu viva no sonho.
Para enfim dormir em uma poça de sangue
e poder beijar seu lábio risonho.
Ah! Que saudade, minha menina mimada!
De ouvir-te xingar-me ao pé do ouvido
E eu ainda assim te chamava de amada
e desejava naquela hora que o tempo tivesse sumido.
Não sumiu, minha linda criança.
E passou por cima de nosso 'nós'
Agora vivo tentando sufocar minha esperança
e não morrer tão só. E só.
Só quero que lembre de todas cartas que te dei.
Todas aqueles 'eu te amo' sinceros
E que sempre a esperarei.
Sim. Ainda pulsa. Ainda te espero.
Ainda espero-te singela no mesmo lugar que fiquei.


Por Psy O.L

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Saudades, amor

Tenho saudade.
Saudades, amor.
Esse estranho corpo conhecido
que aqui dentro brasa.
Estranho sentimento saudável
que causa dor.
Companheiro do meu peito
Desde que te vi voltar pra casa.
Saudade que corrói
Falta sua que me dói
Pele sua que me falta
Na boca minha
que se sente vaga.
Nuca sua que minha língua quer provar
Beijos seus que sinto falta de beijar
Os apertos, os abraços
que sinto falta de abraçar
e os meus dedos perdidos
sentindo falta de te tocar.
Então vou sentindo um vazio.
Uma ausência de você
que vou deixando queimar.
Aí, minha boca saliva na vontade
Enquanto meu corpo não cansa
de por seu corpo clamar.


Por Psy O.L

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O meu tal mal

Está aqui dentro. Presente no meu sangue, esboçado em minha pele, ausente em meu rosto. Mas esta aqui e já não há como fugir. Atestado de óbito assinado, creio eu. Ora! Como pude ser fraco, tão cego? Inocente até que me provem o contrário. Porém provem rápido. O mais agil possível. Não tenho tanto tempo assim. Não tenho mais tempo pra mim. O meu sangue, deste tal mal, está repleto. Agora, a respeito deste tal, estou inepto. Já não há o que fazer a não ser observar o meu corpo enfraquecer, o meu rosto esbranquiçar. Minha carne vai emagrecer e pela fraqueza, a morte vai me vencer.
Vou ver o meu organismo desistir, fraquejar, sucumbir. E meus queridos amores, irão encher-me de remédios, esperançosos em ver-me melhorar. Médicos, tentarão de tudo, para manter-me aqui. Não adianta, meu queridos. Não adianta tentar. Meu corpo vai desistir. É dor demais pra se aguentar. Por fim, irei partir ao meu coração falhar.
Descuidei-me da vida e vos imploro perdão. Lhes súplico que não me odeiem e que fiquem ao meu lado. Fui estúpido, eu sei. Mas um estúpido sábio, que não soube dizer não. Um abraço, um beijo e em consequência, tesão. Ah! Se eu resistisse a ela! Seria eu puro até então. Mas não. Dei-me por inteiro de carne e alma naquela mão. Ah! Se eu fosse um pouco mais cuidadoso... Não daria-te assim meu coração. Não sofreria a ponto de deixar-me de lado, nem daria-me por inteiro a tal paixão. Dei-me e com tudo, abandonei-me na dor. Sem doenças, sem aids, nem nada. Eu vou mesmo é morrer de amor.

Por Psy O.L
Também em: Zelotipia Doentia

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ela é

Ela é o amor que eu sinto falta.
Mas não sinto saudade;
Amor que eu amo.
Mas odeio;
Amor que eu trancafio.
Mas dou liberdade;
Amor que eu escondo.
Mas escancaro.

Ela é o amor que faz mal.
Mas me faz bem;
Amor que tem minha atenção.
Mas que trato com desdém;
Amor, que me faz louca, insaciável.
Mas que mantem-me sã e saudável;
Amor que é minha vergonha.
Mas que me orgulho de sentir;
Amor ao qual sou infiel.
Mas sou incapaz de trair.

Ela é o amor que eu amo.
Mas não quero;
Meu amor mentiroso.
Mas sincero.

Por Psy O.L

terça-feira, 20 de abril de 2010

Fases

Já lutei. Com toda força,
eu gritei.
Eu a perdi, mas não aceitei.
E com todas as armas eu briguei.
Porém, ela teve de ir e eu fiquei
em prantos sem acreditar
que não a segurei.
Então eu neguei. Não aceitei
que a culpa foi minha.
E a ignorei.
Fingi que não mais a amava
e por muito pouco, não acreditei.
Enfureci-me quando desiludi-me
de tudo que falei.
Senti-me culpada ao mentir
que a odiei.
Então, pedi perdão no silêncio
em uma das noites que virei.
Senti a dor na consciência
de fingir que a superei.
Aí, aceitei. Bati no choro
de meu peito e solucei
que não a esqueci
e sei que nunca esquecerei.
Pra enfim aceitar
o que por muito tempo me enganei.
Agora aceito que a amo
como sei que sempre a amei.
Como sei que sempre a amarei.

Por Psy O.L

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Suicídio a longo prazo

Fecho a porta na cara da felicidade
Fecho as trancas
e não quero ninguém aqui.
Enquanto eu encho e ao mesmo tempo
esvazio copos,
enquanto eu fumo algum cigarro
e escrevo votos.

Não vou mentir.
A minha garganta esta seca
E me falta ar, me falta ar
É, eu tive coragem de assumir
Mas vou me manter assim até você voltar

Entenda amor,
que essa do meu lado é só um caso.
E que faz tudo parte
do meu suicídio a longo prazo.

É, vou ter que continuar
mesmo virando noites
socando portas.
Mesmo quebrando a casaa de madrugada.
E vou dormir
relembrando de você me dando as costas.

É, amor...
Vou me destruir pra variar.
Vou vivendo esse suicídio a longo prazo
até enfim, você voltar.

Por Psy O.L

sábado, 17 de abril de 2010

Ah! Amizade...

Ah! A simplicidade da palavra amizade
Tem a virtude de poucos chamada lealdade.
Ah! Amizade... Amizade tem saudade.
Tem nessa singela palavra,
Bar até mais tarde,
Noites em claro conversando sobre bobagens,
Conversas sérias que acabam numa risada,
toda a seriedade.
Amizade tem instabilidade.
Tem briga, tem perdão.
Amizade vive na quase pura ingenuidade
De dormir em um abraço e não sentir tesão.
Amizade tem tempo. No tempo, saudade.
Ah! Saudade! Me deixa sempre na vontade...
Sempre querendo abraçar,
falar sobre alguma banalidade.
Amizade é tarde de tédio no condomínio vazio.
É um porre de vinho barato,
É saber que não vai correr sozinho
Quando fugir de pagar um boteco.
Amizade é ouvir 'paquetá amanhã?'
Arrumar uma mochila
e acordar cedo pela manhã.
Amizade são três anos, dez minutos
uma hora.
Eu sei, mãe... amizade de bar acaba
Então conta pra galera
que do bar eu não vou embora.

Por Psy O.L

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não amar ninguém

É a dádiva dos fracos
O esconderijo dos medrosos
não amar ninguém é ser opaco.
Medroso com coração fraco.

Sou forte. Eu amo alguém.
e morro de pena de quem não ama ninguém.

É respirar amor e não sentir a narina queimar.
É saber que o coração bate
e não sentir o seu pulsar.
Não amar ninguém é tolice
É armadura de papel pra quem foge de sofrer
É burrada, esquisitice, maluquice
É viver brincando de viver.

Eu tenho sorte. Eu amo alguém.
E me sinto vazia quando não amo ninguém.

É desejo dos hipócritas
Realidade dos piscicopatas
Não amar ninguém é furada
É existir vazio, nunca ter ninguém,
é ser um nada.

Não temo a morte. Eu tenho sorte. Eu amo alguém.
E aprenderia amar se não amasse ninguém.

Por Psy.

Agora tambem em: Zelotipia Doentia

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Rebeijo"

Eu sei como é estar fragilizada,
precisar de carinho,
de um colo confortável momentâneo.
Então vem pro meu colo criança
fingir que é amada.
Vem. Vou por minha chavezinha
em teu pescoço.
Vou cantar no seu ouvido
uma balada apaixonada.
Vou sussurrar como eu costumava fazer.
Terminar cada música beijando sua boca.
Ah! vou relembrar em cada beijo, o prazer
de ter sobre a cama do seu quarto
seu corpo branco sem roupa.
E vou replanejar aquele encontro ao por-do-sol
que não aconteceu.
Aquele em que em seu dedo eu colocaria o anel
que na minha gaveta por
tanto tempo, envelheceu.
Não seria "Quer casar, quer comigo pra sempre ficar?"
Seria algo mais despojado
Só uma amostra de compromisso
pra você usar.
Seria só um símbolo que eu comprei
guardei na gaveta e não liguei.
Deixei no cantinho empoerando
esquecido, que depois do teu "rebeijo"
Relembrei.

sábado, 3 de abril de 2010

Zelotipia

Sabe quando afrouxa sua cabeça
naquela outra perna
e se faz calma e terna?
Sabe quando em seus lábios abraça
aquele lábio trigueiro
enquanto nosso quimérico amor,
tu disfarças?
É nessas horas que me vejo em um bisalho.
Apertado, abafado.
De fiapos dolorosos, faço um agasalho
que expreme o peito desconsolado.
Aí, o peito abandonado se martiriza
criando a utópica ideia de um futuro.
Futuro que não se concretiza
Platônico que não se materializa
Não se realiza.
É vendo da penumbra, o seu passar,
que se esgueira a seco e ardente
o azedume em minha traquéia
E quando a queimação na garganta
começa a passar
Vem repassando o ciúme
e minha sanidade despenca
feito no mar, apinéia.
Minha vontade é de esmurrar
a face do trigueiro
Vontade de desfacelar o abelhudo
que se esvai no mel alheio.
Zelotipia fria, sim.
Egoísmo de não querer te dividir
Desculpa amor, mas zelotipia é assim.
É amordaçar o amor
mesmo depois de ele partir.

sábado, 27 de março de 2010

Sua eterna bonequinha

Queria eu ter tido força de te dar adeus, mas sabe, essa minha armadura impenetrável quebrou quando você partiu. Aquela armadura de aço inquebrável, esfarelou. Pois bem. Não tive força. Vontade. Não tive, me perdoa. Mas me faltou coragem. Ver-te naquele leito tão quietinha. Os antigos olhinhos sorridentes cerrados no seu sono eterno. Seria doloroso demais, entende?
Imagino que se eu a olhasse ali não me aguentaria. E transformaria aquela sala medonha em um oceano de lágrimas, como fiz com o corredor. Eu sentaria do seu lado, seguraria sua cálida mão já sem movimento, olharia em seu rostinho já pálido e relembraria você segurando minha mão e contando orgulhosamente suas batalhas, suas voltas por cima. O jeito que seus olhos brilhavam em cada vitória que narrava. Os sorrisos já fracos falando de meu pai, meu tio e minhas tias aprontando pelo quintal da casa. As preocupações que não as preocupou. Você ria delas. Você sabia que Deus ia te ajudar, te tirar de qualquer sufoco. E ele lhe tirou, não é? Todas aquelas preces em dias de ação de graças, refeições em família, aniversários. Todos domingos, ainda que suas pernas não aguentassem mais aquela ladeira, você ia agradecer por tudo, pedir a benção para todos nós e perdão por não cometer nenhum pecado para que pudesse pedir perdão.
Por fim, vó, eu lembraria de você segurando minha mão como sempre fazia. Dois beijos no rosto, um pedido de benção e você olhava em meus olhos e docemente produzia uma leve frase já decorada e ouvida com muito gosto a 18 anos. 'Minha bonequinha", você dizia. E eu me ia pra casa.
Então, dizendo o adeus que não pude dar por antecipação do destino, te digo adeus. Sem muito mais, pois creio que isso é tudo que consigo falar. A Deus, peço que cuide dessa preciosidade que infelizmente, teve de partir. E se Deus puder lhe entregar essa ultima mensagem, quero que saiba minha vó que serei sua eterna bonequinha. E que essa bonequinha morrerá de saudades. Viveremos todos com saudades. Por fim, Adeus vó Dita.

domingo, 21 de março de 2010

As vezes,

As vezes é tão fácil esquecer. As vezes é tão fácil relembrar.
As vezes fingimos que amor é brinquedo que a gente brinca, gasta.
Aí ele envelhece e a gente deixa de lado, ou quebra e descartamos pra ir atrás de outro, outros.
As vezes, nem esperamos envelhecer. Apenas enjoamos e jogamos fora feito goma de mascar sem sabor.
Também tem vezes que acreditamos fielmente que o amor acabou, e na tolice de nossa mente, a gente se afoga e morre sem saber que amor que é amor, não acaba.
Tem vezes que a ficção de uma imagem iludi nossa mente com a imagem de um falso amor.
E você acredita, vai atrás.
Corre feito desesperado e acaba amargado na desilusão de sofrer por perder um falso amor sem razão.
E tambem acontece de não se perceber quem é o amor de verdade. Acontece. Tolice humana sem razão.
Acontece de você não ter medo de perder alguém, mas ter medo de ter ou reter esse alguém.
Acontece tanta coisa. Tanto amor sem amor. Tanta paixão, tanto sentimento em vão.
Como se já não bastasse a dureza infinita da vida, ainda temos de amar.
E como mero mortal, eu entendo.
As vezes amamos sem amor. Nos apaixonamos por imagem.
Nos encantamos por palavras.
Pois é. Eu dei minha vida por uma miragem.

sábado, 20 de março de 2010

Amor,

Passa-me as vezes na ideia, a dúvida de saber por onde andas. Questiono-me a cada segundo se há de voltar aqui para sua casa, seu lar. Algumas vezes até me indago sobre sua existência e se realmente residiu em nossa relação, e enquanto me distribuo em pulsos duvidosos, mergulho em lembranças que me pergunto terem sido um palpite irreal ou se foi um sentimento que esteve realmente em mim presente.
Sabe amor, me ocorre lembranças de quanto te encontrei em meu primeiro romance. Recordo de como você fez com que as cores foscas, mortas de uma tarde de outono, virassem cores reluzentes de uma manhã de primavera. Fez com que eu ricocheteasse feito epiléptico em crise. Fez com que todo sangue que girava em mim, acelerasse e aquecesse como nunca antes feito. Amor, tu me invadiras sem nem pedir licença e logo no primeiro contato. Incrível como nossa história é longa. Esteve sempre comigo. Desde o primeiro contato com sentimento até o ultimo que vim a sentir.
Porém, como um sopro de vento, você se foi. Não deu adeus. Apenas sumiu. Só me recordo de amanhecer o dia sem sentir você aqui. Procurei em cada veia, por vestígios seus. Em vão. Não te encontrei. Então esvaí-me em dor, e nessa dor, fui me entregando a outra que me deu um sentimento de vazio. Com ela, eu sentia apenas um nada dentro de mim. Sentia-me como um oco objeto frio e cálido sem rumo, e quando existia algo dentro de mim, esse algo me lembrava você. Como se só existisse você. Incompleta, me entreguei a mais um corpo. A outro que me torturou, me amordaçou e me esgotou quase que completamente. Não tive prazer e não tenho prazer nenhum com nenhum dos dois. Em todo esse tempo revezando os dois, nada senti a não ser dor. Estou aprisionada sem ter como escapar.
Por isso, eis-me que te imploro, te suplico que volte. Se soubesse como sua falta me desvaloriza, me inutiliza, talvez voltasse por mera pena de mim.
Aguardo ansiosamente sua volta enquanto a saudade e o sofrimento me revezam em suas posses. Esta carta é meu último suspiro de vida, meu último pulsar de resistência. Lhe aguardo entre meus átrios e ventrículos.

Sinto sua falta.

Coração.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Uma noite inteira

Então, tudo bem. Vou ficar.
Se me pediu assim tão singela
Eu prometo que fico até você acordar.
Se me pediu assim, tanto carinho
É porque precisa não sentir
seu corpo tão sozinho.
E o que me custa te observar?
Enquanto dorme e suspira
O que me custa te ver sonhar?
Diga-me amor, o que posso perder,
Perdendo uma noite observando você?
Então deite teu corpo ao meu lado
Deixe aqui no meu abraço
O que te preocupa, o seu fardo.
E durma bem, descance, apague.
E eu prometo que uma noite inteira
Eu a observarei com todo amor
que amo além do que me cabe.

domingo, 14 de março de 2010

Adeus

Leãozinho. Gosto tanto de você, leãozinho, que quase não tenho descanso. Quase não a vejo mais sorrindo, e já venho me esquecendo de seu encanto. Então direi num suspiro de palavras, em uma longa puxada de vocábulos um 'adeus'. E como abreviar nesta carta o sentido que as palavras devem tomar, eu não sei. Tentarei. Lutarei e deixarei explícito o que ocorre tentando não te arrancar uma lágrima se quer. Pois bem minha cara, barata menina, eis-me aqui caçando palavras rebuscadas pra dizer o inevitável. Sabíamos desde o começo. Não daria certo, não seria nada. Águas passadas que destruíram esse meu miserável ser sofredor. Feliz amor, infeliz que vivemos sem culpa. Esmurrou em mim a paixão e você fez o que quis. Agora pede desculpa, maluca! Amamos sem culpa, enquanto você era um mar de medo, correndo de ser feliz. 'Quero manter a imagem', você diz. Então fugiu do seu amor, de tudo que sempre quis.
Se assim fez, minha flor, assim continuará desbotando cada pétala desse amor. E eu fugindo da vida, estou seguindo. Vou-me embora cruzar a luz ou pra onde não haja dor. Eu to enrolando, eu sei. Estou ga-gaguejando milhões de besteiras, asneiras e não chego a nenhum lugar. Entenda, meu bebê, é difícil se despedir da sua fonte de ar, sua razão de amar.
Quero dizer-te que te amei. Que te amo. E levarei para longe comigo. Ainda que no céu dos hipócritas, ou no inferno dos pobres danados condenados a amar. Ainda que no limbo presa a um esboço de alma, eu te amarei. Mas partirei. Deixarei-te em paz. Arranjarei uma passagem adiantada para o submundo por via de alguma bobagem. Um mergulho no oceano, um remédio tomado por engano. Mas partirei. Arderá na minha carne, saudades de você. E minha alma será eternamente chorosa por te perder. Por ter sido tão covarde e por não ter sido de verdade tudo de mim o melhor de você. Perdão minha singela, mas esta aqui sua faixa amarela. Arquive-a em qualquer gaveta esquecida ou guarde-a pra chorar quando ficar saudosa de meus beijos. Adeus.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Câncer

A chuva torrencial despencava pela cidade. As ruas, tornaram-se corregos. Os corregos tomaram a rua. Litros de água se chocavam no toldo do bar e escorriam, descendo pela frente de seu olho. 'Subam! Sentem na mesa', gritava o pobre dono do bar que afagava a cabeça já pensando nas despezas que as águas invasoras trariam. Fugindo da agitação, sentou-se ela na mureta do bar tomando nas costa a chuva gelada, sem nem se importar. Era só água. Alguem toma seu lado como refúgio e aborda uma tentativa de diálogo.
- Que chuva, Meu Deus!
- Deus, não. São Pedro é Santo.
- Ateu?
- Não. Católica.
- Acredita que isso é coisa de São Pedro?
- Acredito que é chuva. Cigarro?
- Não, obrigado. Não fumo. E você é jovem, não deveria também.
- Vou envelhecer um dia.
- Não tem medo de estragar seus pulmões?
- Pelo menos tenho dois pra estragar. Se mal lhe pergunto, tens medo da morte?
- Sim, muito. Você não?
- Não. Vai acontecer. Um tiro na testa, uma doença mal tratada, uma infecção, um câncer. Vou morrer e ponto.
- Mas não tem medo de morrer cedo?
- Não mais.
- Mas já teve?
- Antes de amar... Agora a morte me parece uma ideia confortável.

Toda mentira tem seu fim.

E ela a mim:
- Sinto sua falta. Falta do teu aconchego, do teu braço envolto de mim. Do beijo no queijo, do amor nas sombras e o fúnebre sorriso que sumiu quando partiu. Mas não seremos verdade para o mundo. Seremos verdade uma a outra e só. Porque nos amamos, certo? É tudo que importa!
- Não concordo. Se não somos verdade para o mundo, não somos para nós.Pois o nosso amor é nosso mundo. E se não existe, para o mundo, nosso amor não existe.
- Existe, meu amor! E esta aqui! Não vê?
- Não. Não o vejo. E quer saber? Eu não quero mais saber de falsas verdades. Desses pequenos rastros miseráveis e hipócritas de uma existência falha sua. Não quero ser uma mentira. Ou não existir. Sinceramente, não suporto mais. Lamento admitir que jaz aqui nessas ultimas palavras o amor que empenhei em pró de uma criança mimada que só queria atenção. Pois bem, menininha medíocre, você conseguiu atenção e mais. Conseguiu com essa brincadeira carinhosa destruir meus planos e caminhos planejados. E digo mais! Não amei-te, realmente. Amei a imagem de um romance que criei em minha imaginação baseado na antiga ficção platônica pelo que sua imagem representava. Então parta e vá-se pra nunca mais voltar, pois não te quero interferindo em meus passos novamente. Vá e arranje mais meio milhão de bobos, pois esse já se desiludiu de seus caprichos e mentiras.
Como um último gesto, tinha em minhas mãos um pedaço de lata retorcido em dourado. Lancei-o ao chão, dando as costas:
- Aproveita leve essa lata e o maço.

terça-feira, 9 de março de 2010

Foi tudo que sobrou...


" Ah! Se inspira-me tua beleza!
Teus traços morenos, tuas curvas do corpo
e como inspira-me tua grandeza.
Seu rebolado de criança e ao mesmo tempo de mulher(...)"
Isso foi tudo que me sobrou.
Um trecho que rabisquei no auge da tolice daquele amor abobalhado
sobreposto em uma foto dedicada a mim.
É isso que sobrou de todo um poema a ela dedicado
na época em que acreditei em 'amor sem fim'.
É tudo que sobrou. É o resto tatuado na minha cara.
E só. Somente em meu rosto.
No outro já não se vê nem cicatriz
por trás da máscara de mentiras que ela diz.
Era tão somente amor, que hoje não ama, não sente, nem nunca ficou.
Era tão forte e 'inenarravel'
Que se fez abalável, irreal e por fim
dispensável.
Amor de bobeira, creio eu, de outubro a janeiro.
Amor de mentirinha, continho de fadas terminado em fevereiro.
Foi tudo que sobrou...
Uma foto com o poema no rosto daquela que amei.
E me enganou.
Aquela que me disse 'eu te amo'
mas não me amou.