segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não me canso

É... Eu estou vendo a mobilidade zero do meu corpo.
Estou vendo a estabilidade do meu eu, no instável espaço do tempo.
Assim como vejo as imagens embaçarem, ainda que com as fundas lentes do óculos, que inutilmente se apoia em meu rosto. Óculos. Mais um instrumento inepto a fazer esse embace parar. Nem se coçar ou esfregar, meus olhos melhoram. As lágrimas renascem sempre depois de eu as secar. Insistentes, correm pelo meu rosto enquanto observo aquele corpo se afastar. Aquela silhueta do corpo que eu via a imagem, depois o esboço no horizonte. Agora só enxergo uma breve penumbra se mover ao longe e logo não verei mais nada. Ninguém.
E ainda assim estarei parada num espaço de tempo inabitável. Passado. Relembrando tudo que fez sorrir, ainda que por pouco, meu eterno triste olhar. Viverei eternamente de lembranças e falsas esperanças, eu sei. Mas o que farei? Apenas consigo relembrar e esperar nos pensamentos que deveriam devagar no planeamento de um futuro, mas que vaga entre o sórdido passado triste, porem extasiantemente feliz, que tive ao lado daquela famosa atriz.
E não me livro. Nem me protejo desse martire. Na verdade, ate me entretenho quando tenho um tempo vago. E escrevo. Uma prosa, uma cronica, um poema, um livro. E me entristeço. Choro, coro o rosto molhado e me apavoro. Enfim, me canso. Silencio-me e durmo ao zumbir do ventilador. Descanso. E no outro dia me vejo em um passado mais distante. Porque ainda a amo. E disso realmente, não me canso.


Por Psy O.L

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