sábado, 20 de março de 2010

Amor,

Passa-me as vezes na ideia, a dúvida de saber por onde andas. Questiono-me a cada segundo se há de voltar aqui para sua casa, seu lar. Algumas vezes até me indago sobre sua existência e se realmente residiu em nossa relação, e enquanto me distribuo em pulsos duvidosos, mergulho em lembranças que me pergunto terem sido um palpite irreal ou se foi um sentimento que esteve realmente em mim presente.
Sabe amor, me ocorre lembranças de quanto te encontrei em meu primeiro romance. Recordo de como você fez com que as cores foscas, mortas de uma tarde de outono, virassem cores reluzentes de uma manhã de primavera. Fez com que eu ricocheteasse feito epiléptico em crise. Fez com que todo sangue que girava em mim, acelerasse e aquecesse como nunca antes feito. Amor, tu me invadiras sem nem pedir licença e logo no primeiro contato. Incrível como nossa história é longa. Esteve sempre comigo. Desde o primeiro contato com sentimento até o ultimo que vim a sentir.
Porém, como um sopro de vento, você se foi. Não deu adeus. Apenas sumiu. Só me recordo de amanhecer o dia sem sentir você aqui. Procurei em cada veia, por vestígios seus. Em vão. Não te encontrei. Então esvaí-me em dor, e nessa dor, fui me entregando a outra que me deu um sentimento de vazio. Com ela, eu sentia apenas um nada dentro de mim. Sentia-me como um oco objeto frio e cálido sem rumo, e quando existia algo dentro de mim, esse algo me lembrava você. Como se só existisse você. Incompleta, me entreguei a mais um corpo. A outro que me torturou, me amordaçou e me esgotou quase que completamente. Não tive prazer e não tenho prazer nenhum com nenhum dos dois. Em todo esse tempo revezando os dois, nada senti a não ser dor. Estou aprisionada sem ter como escapar.
Por isso, eis-me que te imploro, te suplico que volte. Se soubesse como sua falta me desvaloriza, me inutiliza, talvez voltasse por mera pena de mim.
Aguardo ansiosamente sua volta enquanto a saudade e o sofrimento me revezam em suas posses. Esta carta é meu último suspiro de vida, meu último pulsar de resistência. Lhe aguardo entre meus átrios e ventrículos.

Sinto sua falta.

Coração.

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