sábado, 3 de abril de 2010

Zelotipia

Sabe quando afrouxa sua cabeça
naquela outra perna
e se faz calma e terna?
Sabe quando em seus lábios abraça
aquele lábio trigueiro
enquanto nosso quimérico amor,
tu disfarças?
É nessas horas que me vejo em um bisalho.
Apertado, abafado.
De fiapos dolorosos, faço um agasalho
que expreme o peito desconsolado.
Aí, o peito abandonado se martiriza
criando a utópica ideia de um futuro.
Futuro que não se concretiza
Platônico que não se materializa
Não se realiza.
É vendo da penumbra, o seu passar,
que se esgueira a seco e ardente
o azedume em minha traquéia
E quando a queimação na garganta
começa a passar
Vem repassando o ciúme
e minha sanidade despenca
feito no mar, apinéia.
Minha vontade é de esmurrar
a face do trigueiro
Vontade de desfacelar o abelhudo
que se esvai no mel alheio.
Zelotipia fria, sim.
Egoísmo de não querer te dividir
Desculpa amor, mas zelotipia é assim.
É amordaçar o amor
mesmo depois de ele partir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário