segunda-feira, 3 de maio de 2010

Narcisismo

Fora em uma noite de inverno, que a vi.
Quase inevitável reparar na sua presença.
Improvável sua beleza, não ser notada.
Então a olhei.
E seus olhos estapiavam os meus,
e tão cintilante era aquele olhar
que por tanto tempo não pisquei
E quase que por apenas uma lágrima, chorei.
Tão linda era, que me apaixonei.
E seus olhos mergulhados em mim
Meus olhos olhando seus lindos fios de cabelo
Curtos, lisos, castanhos e caídos.
A pele quase branca.
Pele de criança.
Rosto de inocência.
Sincronizadamente, fixadas
Nos olhávamos. Nenhuma palavra surgia.
Então o frio daquela noite
Sugeriu que ela fosse minha companhia
E eu, apaixonada e fixada
tomei um passo a frente, e ela dois.
Queria a mim, com eu a ela.
E a cada passo, o palpite do coração
De tão forte, machucava meu peito.
Quanto mais perto dela eu chegava,
Mais o ex barulhento banheiro, ficava quieto.
Então enfim cheguei próximo daqueles lábios
Daquele rosado, quase avermelhado
Que brilhava em saliva
depois que a língua macia, deixou-o molhado.
Fechei os olhos, lancei minha boca.
Mas não a beijei. Tinha entre nós um sólido
uma parede gelada de vidro.
Até que enfim abri os olhos desapontados
E o desejo por ela, em mim, desesperado
Então uma voz soou
e por trás, me alertou:
- Fidalga menina,
O que há de tão doce no espelho
Para que faça com que o beije?


Por Psy O.L

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