quinta-feira, 29 de abril de 2010

Por ventura, apaixonei-me.

Estava eu parada. Estatelada observando a imagem que reluzia flashes de pura ternura e beleza. Eu já esquecera que fora até o velho portão enguiçado receber as entregas da festa. Não vi o entregador chegar com as tralhas, não vi o carro subir o pedregulho a minha frente. Mas vi a divina imagem de uma que matou quase toda minha percepção visual. Eu só conseguia vê-la parada sob o poste de luz fraca amarelada que iluminava e até espalhava claridade por aqueles longos fios lisos de cabelo castanhos claros caídos sobre o rosto da divindade que ainda sem nome, denominei amor.
A luz não parava de iluminar e meus olhos não desvidravam daquela esbelta pequena criança, que me parecia na verdade, a tal Afrodite. Era linda e tão bela que não coube tanta beleza em meus olhos. Ardeu. E lacrimejei.
Os formatos daquele corpo esculpido a nível tão alto que nem Aleijadinho chegaria perto de tal perfeição. As curvas daquela obra de arte cobertas por uma bermuda em jeans claro cheia de bolsos e correntinhas entrelaçando de um lado a outro daquela cintura detalhadamente desenhada. Da cintura ao peito, uma blusa preta com detalhes abstratos em lantejoulas cobria a carne dos seios que ritmavam a respiração afobada.
Em seus pulsos, algumas pulseiras e mais correntinhas. Em seu pescoço um fino cordão de prata com pingente em L. E o rosto. Pintado em um quadro sem réplicas, aquele singelo rosto de pele morena, fino, liso. Livre de qualquer defeito. Tinha na face as carnes daqueles lábios brilhosos que parecia hipnotizar minha atenção clamando pelos meu lábios junto a eles. Aquele pequeno sorriso esbramquiçado entre aquela boca, que por tanto desejo de tocá-la aguava a minha, era tão puro e ingênuo que parecia um mar onde queria eu, poder afogar-me lá.
Naquela face tinha também os olhos em tom de mel, pequeninos meladinhos que refletiam a imagem da minha ficção.
Era Afrodite. Era Deusa sem nome que ousei chamar de amor. Era a linda Beatriz do meu paraíso. Era musa Cleópatra de minha nação. Amazona rainha que mandara dali em diante, em meus campos, Dama da noite que embeleza e perfuma seu redor a luz do luar. Era ela o sol, e eu senti-me como pequeno heliotrópio que sempre voltava-me em sua direção.
O entregador estalou dedos. O carro buzinou... Eu não ouvi. A Deusa sem nome com codinome amor, me olhou e sorriu. Dominada em razão de um amor platônico, eu gelei. A morena gargalhou. Eu estremeci. A morena caminhou até mim. Eu suei frio. A linda definição de perfeição tomou em suas mãos o embrulho do entregador. Eu tentei falar e gaguejei. Ela entregou-me o pacote:

- Isso é seu, né?
- É...
- Chamo-me Linda, e você?
- Um ser que acabou de apaixonar-se sem perceber.


Por Psy O.L

quarta-feira, 28 de abril de 2010

E mais saudades...

Se antes a dor era minha inspiração,
hoje ela é tanta que já nem respiro mais.
Já não rimo palavras bonitas,
pois agora já nem encontro tais.
Estou sem palavras, sem escrita e sem você.
Vejo um papel em branco
e quero manter-lo em branco quando a tempos
eu iria escrever.
Sem fôlego, sem vida, sem cor.
E agora que você partiu de vez,
Só me resta estar saudosa de seu amor.
Amor meu. Babaca que insiste em tentar te esquecer.
Pensamento estúpido que se acha capaz de não reviver.
Mas revive toda noite, todo dia, toda tarde
esses pequenos rastros memoráveis
que é o abismo da saudade.
Sim! Nuca sua que sinto falta de beijar.
E a cada sonho com seu rosto
Eu despenco chorando ao acordar.
Então matem-me na vida para que eu viva no sonho.
Para enfim dormir em uma poça de sangue
e poder beijar seu lábio risonho.
Ah! Que saudade, minha menina mimada!
De ouvir-te xingar-me ao pé do ouvido
E eu ainda assim te chamava de amada
e desejava naquela hora que o tempo tivesse sumido.
Não sumiu, minha linda criança.
E passou por cima de nosso 'nós'
Agora vivo tentando sufocar minha esperança
e não morrer tão só. E só.
Só quero que lembre de todas cartas que te dei.
Todas aqueles 'eu te amo' sinceros
E que sempre a esperarei.
Sim. Ainda pulsa. Ainda te espero.
Ainda espero-te singela no mesmo lugar que fiquei.


Por Psy O.L

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Saudades, amor

Tenho saudade.
Saudades, amor.
Esse estranho corpo conhecido
que aqui dentro brasa.
Estranho sentimento saudável
que causa dor.
Companheiro do meu peito
Desde que te vi voltar pra casa.
Saudade que corrói
Falta sua que me dói
Pele sua que me falta
Na boca minha
que se sente vaga.
Nuca sua que minha língua quer provar
Beijos seus que sinto falta de beijar
Os apertos, os abraços
que sinto falta de abraçar
e os meus dedos perdidos
sentindo falta de te tocar.
Então vou sentindo um vazio.
Uma ausência de você
que vou deixando queimar.
Aí, minha boca saliva na vontade
Enquanto meu corpo não cansa
de por seu corpo clamar.


Por Psy O.L

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O meu tal mal

Está aqui dentro. Presente no meu sangue, esboçado em minha pele, ausente em meu rosto. Mas esta aqui e já não há como fugir. Atestado de óbito assinado, creio eu. Ora! Como pude ser fraco, tão cego? Inocente até que me provem o contrário. Porém provem rápido. O mais agil possível. Não tenho tanto tempo assim. Não tenho mais tempo pra mim. O meu sangue, deste tal mal, está repleto. Agora, a respeito deste tal, estou inepto. Já não há o que fazer a não ser observar o meu corpo enfraquecer, o meu rosto esbranquiçar. Minha carne vai emagrecer e pela fraqueza, a morte vai me vencer.
Vou ver o meu organismo desistir, fraquejar, sucumbir. E meus queridos amores, irão encher-me de remédios, esperançosos em ver-me melhorar. Médicos, tentarão de tudo, para manter-me aqui. Não adianta, meu queridos. Não adianta tentar. Meu corpo vai desistir. É dor demais pra se aguentar. Por fim, irei partir ao meu coração falhar.
Descuidei-me da vida e vos imploro perdão. Lhes súplico que não me odeiem e que fiquem ao meu lado. Fui estúpido, eu sei. Mas um estúpido sábio, que não soube dizer não. Um abraço, um beijo e em consequência, tesão. Ah! Se eu resistisse a ela! Seria eu puro até então. Mas não. Dei-me por inteiro de carne e alma naquela mão. Ah! Se eu fosse um pouco mais cuidadoso... Não daria-te assim meu coração. Não sofreria a ponto de deixar-me de lado, nem daria-me por inteiro a tal paixão. Dei-me e com tudo, abandonei-me na dor. Sem doenças, sem aids, nem nada. Eu vou mesmo é morrer de amor.

Por Psy O.L
Também em: Zelotipia Doentia

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ela é

Ela é o amor que eu sinto falta.
Mas não sinto saudade;
Amor que eu amo.
Mas odeio;
Amor que eu trancafio.
Mas dou liberdade;
Amor que eu escondo.
Mas escancaro.

Ela é o amor que faz mal.
Mas me faz bem;
Amor que tem minha atenção.
Mas que trato com desdém;
Amor, que me faz louca, insaciável.
Mas que mantem-me sã e saudável;
Amor que é minha vergonha.
Mas que me orgulho de sentir;
Amor ao qual sou infiel.
Mas sou incapaz de trair.

Ela é o amor que eu amo.
Mas não quero;
Meu amor mentiroso.
Mas sincero.

Por Psy O.L

terça-feira, 20 de abril de 2010

Fases

Já lutei. Com toda força,
eu gritei.
Eu a perdi, mas não aceitei.
E com todas as armas eu briguei.
Porém, ela teve de ir e eu fiquei
em prantos sem acreditar
que não a segurei.
Então eu neguei. Não aceitei
que a culpa foi minha.
E a ignorei.
Fingi que não mais a amava
e por muito pouco, não acreditei.
Enfureci-me quando desiludi-me
de tudo que falei.
Senti-me culpada ao mentir
que a odiei.
Então, pedi perdão no silêncio
em uma das noites que virei.
Senti a dor na consciência
de fingir que a superei.
Aí, aceitei. Bati no choro
de meu peito e solucei
que não a esqueci
e sei que nunca esquecerei.
Pra enfim aceitar
o que por muito tempo me enganei.
Agora aceito que a amo
como sei que sempre a amei.
Como sei que sempre a amarei.

Por Psy O.L

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Suicídio a longo prazo

Fecho a porta na cara da felicidade
Fecho as trancas
e não quero ninguém aqui.
Enquanto eu encho e ao mesmo tempo
esvazio copos,
enquanto eu fumo algum cigarro
e escrevo votos.

Não vou mentir.
A minha garganta esta seca
E me falta ar, me falta ar
É, eu tive coragem de assumir
Mas vou me manter assim até você voltar

Entenda amor,
que essa do meu lado é só um caso.
E que faz tudo parte
do meu suicídio a longo prazo.

É, vou ter que continuar
mesmo virando noites
socando portas.
Mesmo quebrando a casaa de madrugada.
E vou dormir
relembrando de você me dando as costas.

É, amor...
Vou me destruir pra variar.
Vou vivendo esse suicídio a longo prazo
até enfim, você voltar.

Por Psy O.L

sábado, 17 de abril de 2010

Ah! Amizade...

Ah! A simplicidade da palavra amizade
Tem a virtude de poucos chamada lealdade.
Ah! Amizade... Amizade tem saudade.
Tem nessa singela palavra,
Bar até mais tarde,
Noites em claro conversando sobre bobagens,
Conversas sérias que acabam numa risada,
toda a seriedade.
Amizade tem instabilidade.
Tem briga, tem perdão.
Amizade vive na quase pura ingenuidade
De dormir em um abraço e não sentir tesão.
Amizade tem tempo. No tempo, saudade.
Ah! Saudade! Me deixa sempre na vontade...
Sempre querendo abraçar,
falar sobre alguma banalidade.
Amizade é tarde de tédio no condomínio vazio.
É um porre de vinho barato,
É saber que não vai correr sozinho
Quando fugir de pagar um boteco.
Amizade é ouvir 'paquetá amanhã?'
Arrumar uma mochila
e acordar cedo pela manhã.
Amizade são três anos, dez minutos
uma hora.
Eu sei, mãe... amizade de bar acaba
Então conta pra galera
que do bar eu não vou embora.

Por Psy O.L

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não amar ninguém

É a dádiva dos fracos
O esconderijo dos medrosos
não amar ninguém é ser opaco.
Medroso com coração fraco.

Sou forte. Eu amo alguém.
e morro de pena de quem não ama ninguém.

É respirar amor e não sentir a narina queimar.
É saber que o coração bate
e não sentir o seu pulsar.
Não amar ninguém é tolice
É armadura de papel pra quem foge de sofrer
É burrada, esquisitice, maluquice
É viver brincando de viver.

Eu tenho sorte. Eu amo alguém.
E me sinto vazia quando não amo ninguém.

É desejo dos hipócritas
Realidade dos piscicopatas
Não amar ninguém é furada
É existir vazio, nunca ter ninguém,
é ser um nada.

Não temo a morte. Eu tenho sorte. Eu amo alguém.
E aprenderia amar se não amasse ninguém.

Por Psy.

Agora tambem em: Zelotipia Doentia

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Rebeijo"

Eu sei como é estar fragilizada,
precisar de carinho,
de um colo confortável momentâneo.
Então vem pro meu colo criança
fingir que é amada.
Vem. Vou por minha chavezinha
em teu pescoço.
Vou cantar no seu ouvido
uma balada apaixonada.
Vou sussurrar como eu costumava fazer.
Terminar cada música beijando sua boca.
Ah! vou relembrar em cada beijo, o prazer
de ter sobre a cama do seu quarto
seu corpo branco sem roupa.
E vou replanejar aquele encontro ao por-do-sol
que não aconteceu.
Aquele em que em seu dedo eu colocaria o anel
que na minha gaveta por
tanto tempo, envelheceu.
Não seria "Quer casar, quer comigo pra sempre ficar?"
Seria algo mais despojado
Só uma amostra de compromisso
pra você usar.
Seria só um símbolo que eu comprei
guardei na gaveta e não liguei.
Deixei no cantinho empoerando
esquecido, que depois do teu "rebeijo"
Relembrei.

sábado, 3 de abril de 2010

Zelotipia

Sabe quando afrouxa sua cabeça
naquela outra perna
e se faz calma e terna?
Sabe quando em seus lábios abraça
aquele lábio trigueiro
enquanto nosso quimérico amor,
tu disfarças?
É nessas horas que me vejo em um bisalho.
Apertado, abafado.
De fiapos dolorosos, faço um agasalho
que expreme o peito desconsolado.
Aí, o peito abandonado se martiriza
criando a utópica ideia de um futuro.
Futuro que não se concretiza
Platônico que não se materializa
Não se realiza.
É vendo da penumbra, o seu passar,
que se esgueira a seco e ardente
o azedume em minha traquéia
E quando a queimação na garganta
começa a passar
Vem repassando o ciúme
e minha sanidade despenca
feito no mar, apinéia.
Minha vontade é de esmurrar
a face do trigueiro
Vontade de desfacelar o abelhudo
que se esvai no mel alheio.
Zelotipia fria, sim.
Egoísmo de não querer te dividir
Desculpa amor, mas zelotipia é assim.
É amordaçar o amor
mesmo depois de ele partir.