terça-feira, 27 de setembro de 2011

Labirinto de letrinhas

Não há maior gratidão
Do que a minha por ela,
Assim como não há paixão
Tão forte, tão viva, tão bela...
Faltam-me bocas e palavras para descrever.
Sobra-me vontade, mas falta-me
Vocabulário para transparecer
Já que qualquer vocábulo é pouco
Para expressar o que sinto em simples dizer.

Digo apenas o que sei
E sei que nos tantos milhões de hectares
Da terra, não há outra que tanto desejei e outra,
Sei que não encontrarei;
Dentre os tantos litros das aguas em sal,
Não há mulher sereia, não há serpente,
Nem criatura magica existente,
Que tenha para mim, beleza maior ou igual.

Ela é a força dos meus braços que esmurram
As portas da vida quando estas não querem deixar-me entrar.
É a bela e reluzente luz que me guia
Quando a escuridão da incerteza me cega
Com a intensão de confundir meu caminhar.
Ela é a cor que meus olhos fitam,
O puro e doce ar que meus pulmões inspiram.
E expiram.
Ela é no conjunto do meu todo,
O dobro dele e um pouco mais.
É minha vontade, minha sede que não passa,
Minha fome.
E ao mesmo tempo é o alimento
Das minhas necessidades mais vitais.

E com cada texto que escrevo,
Cada poema que ela me inspira,
Cada um desses aglomerados de letras
Que em uma só pagina não fica.
Ultrapassando versos, dobrando paginas e linhas.
Espremendo a letrinha miúda,
Que fica no cantinho, caída.
Vou fazendo rodeios de letrinhas, labirintos sem saída.
Para fazê-la ver e crer, no final,
Que ela é o amor da minha vida.


Por:
Ana Lagedo

domingo, 14 de agosto de 2011

Deixe-me

Deixe-me, amor, insistir ao tempo
Para que ele não passe.
Se ele passa, vai rápido demais...
Se ele parasse, nós não nos separaríamos
Não olharíamos o relógio caso a hora mudasse
Dizer até mais, nunca mais!

Permita-me, meu bem, lacrar as cortinas
Para que o escuro prevaleça.
E ser noite toda hora para deitarmos abraçadas...
Agarradas, amarradas.
E ficarmos assim ate que o dia amanheça.

E por fim, minha tão linda
Permita-me que a ame além do que sou...
Que a deseje além do que posso,
Além do que devo.
Que doe a você cada partícula de mim
Além do que há no mundo em que estou.


Por: Ana Lagedo

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Máscaras

(...)COLOMBINA , sorrindo e tomando ambos pela mão:

Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor de todos dois... Hesitante, entre vós, o coração balanço:


A Arlequim:

O teu beijo é tão quente...

A Pierrot:

O teu sonho é tão manso...

Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente,
porque a história do amor pode escrever-se assim:

PIERROT
Um sonho de Pierrot...

ARLEQUIM

E um beijo de Arlequim!

Por Menotti Del Picchia.

Eu amo esse conto.